quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Nobel da literatura ,2007 - Doris Lessing

5 comentários:

Cleopatra disse...

E já viu quem é o Nobel da Paz???!!!

Ni disse...

Doris Lessing não nos oferece uma escrita fluida, fácil de ler. Na sua obra aborda temas como o racismo, a violência e a sujeição da mulher a um mundo dominado por homens. Aliás, foi-lhe atribuído o Nobel... contra todas as previsões.
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Apesar da minha opinião ser uma humilde opinião quando comparada com tantas que já li na blogosfera e que admitem não gostar da obra de Doris... eu gosto.

E achei curioso este excerto de entrevista aqui visionado. Ao falar do trabalho e esforço do escritor... lembrei-me do mestre Pessoa. Para Fernando Pessoa escrever é um trabalho árduo, uma produção difícil e complexa. Era com cepticismo que encarava a inspiração e a sinceridade da obra de arte ('O poeta é um fingidor...'). E isto porque (de acordo com F.P.) a composição da arte literária deve ser feita não no momento da emoção, mas no momento da recordação dela. Há um processo de intelectualização da emoção. O que exige uma grande disciplina... e trabalho bastante difícil.

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Por isso muitos escrevem, mas poucos(as) são/serão 'grandes'.

Agradeço, caro Ferreira, a partilha deste vídeo.

CC

ferreira disse...

Pois, Cleo, o nobel da Paz foi outra surpresa...:)

Ni, eu é que agradeço este excelente comentário, de quem sabe do que fala, Literatura.
Não conhecia a laureada, nem de nome, o que vale por dizer que não li quaisquer obra da Doris Lessing.
Gostei, igualmente, da declaração 'escrever como trabalho', já o ALAntunes fala do mesmo, escrevendo de 8 a 10 horas diárias, para se aproveitar, por vezes um ´paragrafo.

Abraço:)

Cleopatra disse...

Não conheço a Doris...Mas, breve breve conhecerei de certeza...
pena que escrever traga tanto sofrimento...
Escrever deveria ser como respirar.
Não é NI? ;)

Ni disse...

Cleo e Ferreira:

Também Saramago encara a escrita como um trabalho com horários a cumprir. Lembro-me de ele dizer que coloca/va o despertador, para se levantar cedo para iniciar a escrita, como um 'operário', 'forçado a...'. E muitos, muitos escritores têm essa disciplina de escrita. Tal como pintores, fotógrafos... (se bem que, para estes, a luz tenha uma importância fulcral, e se entenda melhor a rigidez das horas).

O encarar a arte literária como um trabalho árduo... retira-lhe, aparentemente, o toque de magia. Mas, se a encararmos como a alquimia entre o momento da emoção e o seu surgir nas palavras... entende-se.

Há uma obra de Eça de Queirós -'A Cidade e as Serras'- que tem uma particularidade única: a parte referente à Cidade foi ainda revista pelo próprio autor. A parte referente ao Campo, foi revista postumamente. Resultado? O que pode, por leigos, ser encarado como uma simplificação devido à temática/espaço (o Campo como fonte de simplicidade, despojamento) deve-se, na verdade, ao facto de Eça não a ter 'trabalhado'.

Cleo...
Claro que há quem escreva como se respirasse. A tal escrita emotiva. Sem artifícios. Emoção pura. Sem revisão de texto. Sem intelectualização da emoção.
...

(Por isso nunca nos será atribuído um Nobel! Gargalhada. Nós as duas então...)
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Quando faço Escrita Criativa com os meus alunos e lhes peço para fazerem a revisão do texto... a maioria reage com 'incómodo'. Não quer. Tem pressa de entregar a sua 'emoção feita palavra' como se a alteração de uma vírgula maculasse essa emoção. E eu entendo-os. Mas também sei... que não é assim que um escritor se entrega à arte.

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É melhor ficar por aqui... ou não me calo. Sorriso. Quando começo a falar de literariedade tenho que ser 'travada'. (Que vergonha... isto não é um comentário...)

Beijos para os dois