quinta-feira, 7 de junho de 2007

Vinicius de Morais

O verbo no infinito


Ser criado, gerar-se, transformar
O amor em carne e a carne em amor; nascer
Respirar, e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar

Para poder nutrir-se; e despertar
Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
E começar a amar e então sorrir
E então sorrir para poder chorar.

E crescer, e saber, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror,
De ser e amar, e se sentir maldito

E esquecer tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito...

Vinicius De Morais, in Livro de Sonetos, Companhia das Letras, S.Paulo, 2004

2 comentários:

Cleopatra disse...

"E esquecer tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito..."

A infinita esperança de amar e ser amado.....

ferreira disse...

Enquanto o coração bater...